Sword Art Online: Unital King-Vanguarda Podcast #82
Olá, Mochi aqui!
Essa é uma história escrita pelo próprio Reki Kawahara em comemoração ao 10° Aniversário dos jogos de Sword Art Online. A história apresenta o cenário do arco atual da série, "Unital Ring", só que no universo dos jogos, que está sendo chamado de "Unital King". A história se concentra nos personagens do jogo "Sword Art Online: Fatal Bullet", com o Protagonista e os demais personagens no GGO presenciando a unificação dos mundos VRMMOS.
Uma nova história no universo dos jogos, principalmente para aqueles que conhecem ao menos o jogo "Fatal Bullet", já que cita seus eventos e personagens. Mas não se preocupe, até quem não é chegado nos jogos pode curtir essa história e se interessar por seus personagens! Além disso, como no próprio "Fatal Bullet", também há referências a outros personagens que a maioria já teve contato com o Anime/Light Novel/Mangá. Incluindo, obviamente, os personagens que jogam GGO.
Sem mais nem menos, esse arquivo e post serão atualizados conforme os capítulos forem lançando e eu fizer a tradução. Aproveitem!!!
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Sword Art Online - Unital King
Capítulo 1
"Mestre! Mestre! Mestreeeeeeeee!”
O grito estridente ecoou por todo o quarto, abafando até o som da porta deslizante abrindo-se. Eu, que estava cochilando, despertei num salto da cama.
A invasora era uma garota pequena, vestindo um traje de combate branco e roxo. Seu cabelo curto prateado balançava enquanto ela parava abruptamente diante da minha cama. Então, cerrou os punhos ao lado do corpo, puxou uma respiração profunda e—
“Mestre, aconteceu algo terrível!!”
Ela gritou no volume máximo.
Essa garota não era humana. Era uma androide chamada Rei, nome que escolhi a partir do final do seu número de série, A290-00. No entanto, tanto eu quanto os outros jogadores costumávamos chamá-la pelo nome da sua linha de produção: ArFA-Sys.
“Que foi, ArFA-Sys?”
Provavelmente, um evento surpresa começou em algum campo de batalha, ou talvez uma nova lanchonete tenha aberto na cidade de Glocken. Era isso que eu imaginava ao perguntar — mas sua resposta superou qualquer expectativa.
“É um senhorzão gigante!!”
“……”
Olhei ao redor do quarto, que no mundo real teria pelo menos vinte tatames de tamanho. Esse espaço, o Home que eu compartilhava com ArFA-Sys, estava vazio, exceto por nós dois.
Será que o programa principal dela estava com defeito…? Preocupado com essa possibilidade, continuei perguntando.
“Que senhorzão…?”
“Err… Err…”
ArFA-Sys abriu e fechou a boca algumas vezes, parecendo frustrada, e então estendeu a mão direita, agarrando a minha esquerda.
“Se você olhar, vai entender! Venha comigo, Mestre!”
Ela começou a me puxar com força, e eu, sem outra opção, me levantei da cama.
Sendo arrastado pela mão, corri pelo quarto e saí para o corredor através da porta deslizante. Seguimos para a direita até o hall dos elevadores. Eu achei que desceríamos para o primeiro andar, mas ArFA-Sys pressionou o botão de subida.
A cabine chegou rapidamente e, quando entramos, ela tocou o botão no canto superior direito do painel: [R], para o telhado — um botão que eu só havia usado algumas poucas vezes antes.
Com uma leve sensação de aceleração, o elevador começou a subir.
Esse prédio era uma espécie de condomínio gigante, equivalente a um arranha-céu no mundo real, com centenas de apartamentos para jogadores. O número de andares ultrapassava duzentos.
Quando o elevador parou e as portas se abriram, uma luz avermelhada inundou o espaço, acompanhada por um vento frio e seco que me fez semicerrar os olhos.
O telhado era apenas um grande espaço vazio, sem árvores, bancos ou até mesmo um corrimão nas bordas. Dentro da cidade, o HP dos jogadores era protegido, então cair não significaria morrer, mas ainda assim, a sensação de vertigem seria de tirar o fôlego. Além disso, a paisagem ao redor da cidade de Glocken não valia o risco — o deque de observação do governo era um ponto muito melhor para admirar a vista.
Ou seja, normalmente ninguém estaria ali.
Mas, naquele momento…
“Tem bastante gente aqui, né…?”
Murmurei ao ver dezenas de jogadores alinhados na extremidade oeste do telhado, todos virados para a mesma direção. ArFA-Sys assentiu vigorosamente.
“Todos vieram ver o senhorzão gigante!”
“E quem exatamente é esse senhorzão…?”
“Vamos descobrir!”
Ela me puxou pela mão mais uma vez, nos colocando na ponta direita da fila de jogadores.
O Mistério no Velho Sul
Este mundo, o VRMMORPG Gun Gale Online (GGO), tem um mapa dividido em cinco grandes áreas ao redor da capital central, SBC Glocken.
A sudoeste fica a Ilha Coberta de Areia.
A sudeste, o Deserto das Sombras.
A nordeste, a Floresta do Esquecimento.
Ao norte, a Fronteira Branca, recém-adicionada na última atualização.
E, a oeste, o Velho Sul.
O local para onde todos estavam olhando, o Velho Sul, era um mapa intermediário, uma vasta planície com ruínas de uma cidade antiga erguendo-se no centro.
Fazia tempo que os jogadores tinham explorado cada canto do mapa. Quem possuía um apartamento neste prédio certamente não teria mais nada de novo para ver ali…
Ou pelo menos era o que eu pensava.
“……O que é aquilo…?”
Murmurei, e ArFA-Sys, com uma expressão séria, respondeu:
“É o senhorzão gigante.”
Essa já era a terceira vez que ela dizia isso. Antes, eu achava que fosse apenas um jogador com um avatar enorme, algo como três metros de altura no máximo…
Mas o que eu via agora superava qualquer imaginação.
No fundo das ruínas da cidade do Velho Sul, uma silhueta colossal tremeluzia sob o sol amarelado, como uma miragem.
Ela era três vezes maior do que o prédio mais alto da cidade em ruínas — e aquele prédio já tinha uns 300 metros. O que significava que o “senhorzão” tinha cerca de 1.000 metros de altura.
Se fosse do tamanho de um humano normal, ele pareceria esguio, mas por causa da sua escala absurda, não transmitia fragilidade alguma.
Seu corpo estava coberto por uma armadura dourada fosca, e sobre a cabeça, usava uma coroa intricada. Sua longa barba descia até o peito.
Os pés estavam ocultos entre os edifícios, e o topo da cabeça desaparecia nas nuvens finas. Mas, ao menos, era um homem.
“…É, realmente é um senhorzão gigante.”
Comentei, e ArFA-Sys, cheia de orgulho, estufou o peito.
“Eu disse, não disse?!”
Bom, ao menos seu programa estava funcionando corretamente. Mas então… o que era aquele gigante?
O maior inimigo que eu já havia enfrentado no GGO foi um tanque de guerra de vinte metros de comprimento, que atacou Glocken durante o Incidente de Lievre. Comparado a este gigante dourado, aquele tanque parecia um brinquedo de criança.
E agora… eu tinha a sensação de que o nível de absurdo dessa situação estava várias ordens de magnitude acima do normal.
“Ei, ArFA-Sys… Há quanto tempo aquele cara está ali?”
Perguntei em voz baixa. Ela inclinou ligeiramente a cabeça e respondeu:
“Não sei o horário exato, mas há nove minutos houve um grande pico de carga no sistema do jogo.”
“Então… ele está só parado ali há nove minutos…?”
“Isso mesmo.”
A resposta veio de um jogador ao meu lado esquerdo.
Ele tinha um moicano vermelho e usava um óculos de mergulho no rosto. Eu o reconhecia — era um amigo cadastrado na minha lista.
“Oi, Yamikaze.”
“Oi, oi!”
Eu e ArFA-Sys o cumprimentamos, e ele acenou levemente com a cabeça.
“Estou observando desde uns cinco ou seis minutos atrás, e até agora ele não se moveu. Aparentemente, ele está além do cânion a oeste da cidade — ou seja, fora do mapa do jogo.”
“Já tem gente indo pra lá?”
“Claro. O pessoal curioso, como Dyne e Xiahou Dun, já correu pra investigar.”
Esses eram nomes conhecidos — jogadores de elite do Bullet of Bullets (BoB). Mas se aquele gigante fosse um inimigo…
“Se for um boss de evento, deve ter bilhões de HP.”
Seus cálculos faziam sentido. Se um ataque totalmente otimizado no GGO conseguia causar milhões de dano por minuto, um inimigo daquele nível levaria centenas de jogadores e horas de batalha para ser derrotado.
Antes que eu pudesse decidir o que fazer, um ícone de mensagem piscou na minha interface.
“Vem pra cúpula da cidade, agora!”
A remetente era Kureha, minha amiga de infância no mundo real.
Eu não podia ignorá-la.
“Preciso ir. Depois nos falamos!”
Disse, antes de abrir o mapa para fazer uma viagem rápida.
Capítulo 2
O “dome” que Kureha mencionou ficava no extremo oeste de Old South City, uma estrutura gigantesca que lembrava um estádio. Embora fosse um ponto de fast travel, ninguém conseguia entrar.
Eu e ArFA-Sys nos teleportamos para a praça leste do Dome. Imaginei que estaria lotada de jogadores curiosos, mas, para minha surpresa, o local estava deserto. O único movimento vinha de alguns inimigos flutuantes que vagavam pela avenida próxima — não eram ameaça para nós, mas também não havia motivo para enfrentá-los. Com cuidado para evitar sua área de detecção, contornamos o Dome pelo sul até chegarmos à parte de trás.
Então...
“Uau... Tem muita gente aqui!”
ArFA-Sys exclamou em um tom surpreso, mas baixo.
Ela estava certa. No lado oeste do Dome, milhares de jogadores estavam reunidos. O silêncio era estranho para um grupo tão grande, mas logo percebi o motivo: quase todos estavam olhando boquiabertos para o céu.
Segui seus olhares.
A primeira coisa que vi foram duas colunas douradas no horizonte, erguidas muito além das colinas ao longe. Pernas. Pernas imensas, revestidas por uma armadura dourada. Ao subir o olhar, consegui distinguir as coxas e parte da cintura, mas o resto do corpo desaparecia na neblina cinzenta do céu. Se aquilo realmente tinha mil metros de altura, era maior que a Tokyo Skytree.
Era grande. Impossivelmente grande. Mesmo estando em uma área fora do mapa, a criatura parecia pairar sobre nós, esmagadora. O que diabos era aquele gigante?
Enquanto eu tentava processar aquilo, senti alguém cutucar meu braço.
Quando me virei, vi uma jogadora de cabelos rosa, vestindo uma roupa combinando.
“Kureha.”
Minha amiga de infância, e a responsável por me chamar até ali.
“No meio de tanta gente, você me achou rápido.”
Eu disse, baixando a voz.
“Não foi você que eu vi. Foi a Rei-chan.”
Fazia sentido. O cabelo prateado de ArFA-Sys chamava atenção mesmo sob a iluminação fraca de GGO. Em batalha, ela costumava escondê-lo com acessórios, mas ela adorava essa cor — mudar não era uma opção.
Ao meu lado, ArFA-Sys ainda encarava o gigante de boca aberta. Virei-me de novo para Kureha e perguntei:
“E então? O que você quer?”
“Isso nem deveria ser uma pergunta. Olha só para aquilo.”
Ela fez um gesto discreto na direção do gigante e sussurrou:
“Aquele monstro é um boss de raid surpresa, sem dúvida nenhuma. Nós fomos os primeiros a terminar as dungeons de SBC Flügel e White Frontier. Vamos ser os primeiros a derrotar esse também.”
“Espera aí...”
Instintivamente, dei um passo para trás.
Kureha queria lutar com aquilo.
Se aquele inimigo realmente fosse um boss, seu HP estaria na casa das dezenas, talvez centenas de bilhões. Mesmo que o objetivo fosse apenas dar o maior dano possível, seria uma luta absurda. É verdade que tínhamos vencido vários desafios antes, mas isso graças à força de Kirito e seu time. Só que Kirito e os outros tinham voltado para ALO há algum tempo. Agora estávamos por conta própria.
Kureha percebeu minha hesitação e cutucou meu braço com força.
“Ei, você é um top player de GGO! Tá na hora de mostrar aos outros que não precisa do Kirito pra vencer.”
“...Ah.”
Eu sabia exatamente quem eram os “outros” a quem ela se referia. Os jogadores que me chamavam de “sombra do Kirito”, como se eu não tivesse mérito próprio. Isso nunca me incomodou tanto, mas Kureha claramente se irritava com esses comentários mais do que eu.
Mesmo assim…
“Antes de tudo, nem sabemos se isso é um boss. E mesmo se for, só nós três não temos chance contra um inimigo desses.”
“Acha que eu não pensei nisso?”
Kureha sorriu, confiante. E então abaixou ainda mais a voz.
“Já chamei reforços.”
“Quem?”
“Você vai ver. Por enquanto, troque seu equipamento pro que dá mais dano possível.”
“...Certo, certo.”
Sem opção, abri meu menu. Para maximizar meu dano, equipei a sniper AMR Breakthrough IV como arma principal e uma pistola Long Stroke Type-Z como secundária. Nos acessórios, optei por itens que reduziam o tempo de recarga das habilidades.
Quando fui ajustar o equipamento de ArFA-Sys, ela piscou e me chamou:
“Mestre, tem algo estranho.”
“O quê?”
“Estava conversando com a mamãe agora há pouco, e...”
Eu e Kureha nos entreolhamos.
“Mamãe” era como ArFA-Sys se referia ao Mother Clavier, o supercomputador da SBC Flügel, que raramente interagia com os jogadores desde que terminamos a história principal.
“Rei-chan, o que a mamãe disse?”
Kureha insistiu.
ArFA-Sys olhou de novo para o gigante e sussurrou:
“Pedi para ela calcular o tamanho do senhor gigante...”
“Tá. E?”
“...O radar de imagem tridimensional da SBC Flügel não consegue detectar ele.”
“...”
Kureha e eu trocamos outro olhar confuso.
Esse era um mundo virtual. Tudo ali era um objeto gerado pelo sistema, então se algo existia, poderia ser identificado pelos dados do jogo.
Se o radar não estava detectando o gigante, isso significava que ele era uma ilusão ou um bug.
“Mas… dá pra ver ele tão claramente.”
Kureha murmurou, ainda olhando para cima.
“Pois é...”
Tecnicamente, tudo era possível no jogo. No mundo real, projetar uma imagem tão detalhada no céu seria impossível, mas em GGO…
“Espera…”
Me ocorreu uma ideia.
Se havia alguém que poderia dizer se isso era um bug ou um evento planejado, era Zeliska. Como funcionária da empresa que administrava GGO, ela talvez soubesse a resposta.
Antes que eu pudesse falar, fui interrompido por um grito:
“Mestre!!”
O pânico na voz de ArFA-Sys foi seguido por um burburinho crescente entre os jogadores.
Virei-me no reflexo.
No horizonte, o gigante dourado moveu-se pela primeira vez.
Seus passos eram tão pesados que as nuvens ao redor se despedaçaram. O próprio ar pareceu tremer.
Depois de um minuto inteiro, o pé tocou o chão. Um instante depois, o impacto chegou até nós, como se fosse um terremoto.
“...Acho que ele é real.”
Kureha murmurou.
E então, algo ainda mais estranho apareceu.
Uma barra de HP.
Não uma — cem.
“Cem barras de HP?”
Kureha arregalou os olhos. ArFA-Sys confirmou:
“Sim! Exatamente cem!”
O boss mais forte de GGO até então tinha três barras de vida. Mas aquilo…
Antes que eu pudesse processar, Kureha me deu um tapa nas costas.
“Cem, mil, tanto faz! Se tem HP, dá pra matar! Agora vem!”
Os outros jogadores já corriam em direção ao gigante.
“Não vai esperar os reforços?”
“Dá pra encontrar eles lá!”
Sem saída, corri atrás dela, ainda sem acreditar no que estava prestes a enfrentar.
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