Entrevista Especial SAO x Yagate Kimi ni Naru - Vanguarda Podcast #76
LNB-Senseio aqui. Eis o primeiro post encomendado do blog. A pedido do O Thii e traduzida pelo grandioso Edu, nós apresentamos a vocês a Entrevista de Reki Kawahara, Nio Nakatani e Ai Kayano sobre os animes de Sword Art Online Alicization e Yagate Kimi ni Naru em 2018. Para os fãs de ambas obras, espero que aproveitem.
Entrevista Especial SAO x Yagate Kimi ni Naru com Reki Kawahara, Nio Nakatani e Ai Kayano sobre o amor de Kawahara-sensei por Yagate Kimi ni Naru!
Apresentamos uma entrevista com o autor de Sword Art Online, Reki Kawahara-sensei, a autora de Yagate Kimi ni Naru, Nio Nakatani-sensei, e a seiyu que participou nas adaptações de ambos os trabalhos, Ai Kayano-san.
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▲ Da esquerda para a direita: Reki Kawahara, Ai Kayano e Nio Nakatani.
Em 2018, a oportunidade desta entrevista surgiu devido à adaptação em anime de ambos os trabalhos. Ao começar a conversa, descobriu-se que o Kawahara é um grande fã de Yagate Kimi ni Naru, tornando a conversa bastante centrada neste trabalho. Para descobrir mais sobre as revelações que ocorreram, por favor, dê uma olhada.
A entrevista a seguir ocorreu em dezembro de 2018.
――Os pontos em comum entre os dois escritores que atuam em gêneros diferentes são...――
Para comemorar a produção dos animes de ambos os trabalhos em 2018, reunimos o Kawahara-sensei, a Nakatani-sensei e a Kayano-san para a entrevista. No entanto, pouco antes da entrevista, descobriu-se que o Sensei Kawahara é um grande fã de 'Yagate Kimi ni Naru', o que levou a um desdobramento surpreendente. Seria o Kawahara-sensei um leitor assíduo de Yuri?
Kawahara: Sim, realmente gosto bastante de obras de yuri. Quando penso em como me tornei fã desse gênero, foi através do mangá "Saigo no Seifuku" de Hakamada Mera. Comprei por acaso em uma livraria e, a partir daí, me apaixonei profundamente por isso.
Nakatani: Ah, então foi em Saigo no Seifuku que tudo começou.
Kawahara: Atualmente, tenho uma pasta de mangás de yuri no meu iPad (risos). Dentro do universo Dengeki, Yagate Kimi ni Naru e "Shinmai Shimai no Futari Gohan" de Hiiragi Yutaka são as obras que estou realmente gostando no momento.
Nakatani: Obrigada (risos).
Kawahara: Já tentei escrever algumas vezes histórias de yuri, mas sempre acabo fracassando... A tentativa mais próxima foi o arco "Mother's Rosario" de Sword Art Online (abreviado como SAO), mas não consegui escrever a parte romântica... Um dia, também gostaria de tentar escrever sobre o amor entre garotas.
Kayano: Eu adoraria ler isso!
Nakatani: Por favor, escreva! Estou ansiosa para ler.
――Sim, para Nakatani-sensei é a primeira vez que fala com Kawahara-sensei e Kayano-san em um cenário como este, já que eles participaram de uma breve conversa antes do início da transmissão de SAO Alicization.
Nakatani: Sim, já tive a oportunidade de conversar com o Kawahara-san anteriormente em um evento da Comitia.
Kawahara: Sim, é verdade! Tivemos a chance de conversar brevemente uma vez.
Kayano: Você também participa do Comitia, né? E está sempre presente nas gravações de voz para o anime, mesmo sendo rápido para escrever, consegue encontrar tempo mesmo estando ocupado?
Kawahara: Não, não, eu acho que sou bem lento pra escrever.
Nakatani: Sério? Você sempre está presente no Comitia, então tenho essa imagem de você sendo muito rápido.
Kawahara: Os textos originais para o Comitia são escritos em um dia, então...
Nakatani: Então, você é rápido, não é? (risos)
Kayano: Nakatani-san, você também participa das gravações de voz toda vez, né? Ao meu ver, é bastante incomum ter o autor presente em todas as sessões.
Nakatani: É mesmo!?
Kawahara: Que coisa, né?
Kayano: Eu participo de várias obras também, mas até onde me lembro, são apenas os veteranos[1] que sempre estão presentes. A impressão que tenho é que a maioria das pessoas participa uma ou duas vezes ao longo de uma temporada.
Nakatani: Será que é mais comum participar apenas no início e no final...?
Kawahara: Para mim, ter a oportunidade de observar as gravações de voz é uma recompensa por seguir como escritor.
Nakatani: Para mim também, é divertido, não é? As gravações de voz são uma recompensa pelo trabalho.
Kawahara: De certa forma, esse é o clímax da vida de um escritor, o momento mais divertido. Se eu não fosse para a gravação de voz, para que eu teria me esforçado tanto, não é mesmo! (risos).
Kayano: Em algumas obras, não temos muitas oportunidades de conversar com o autor sobre os personagens e a história, então ouvir isso é realmente gratificante para um ator.
――Considerando que tanto Kawahara como Nakatani costumam ir com frequência nos estúdios de dublagem. Gostaria de saber, da perspectiva da Ayano-san, que tipo de impressão você tem sobre os dois?
Kayano: O que eu penso ao estar envolvida em ambos os trabalhos é que, à primeira vista, parecem ser obras completamente diferentes, mas percebo que são semelhantes na maneira como retratam cuidadosamente o coração das pessoas acredito que a personalidade de vocês dois também se reflete nas obras.
Além disso, isso também se relaciona com o fato de vocês participarem regularmente das sessões de dublagem. Lá, todos confiam uns nos outros e se esforçam para criar algo de qualidade, e acredito que isso se deve ao fato de os mestres sempre nos orientarem na mesma direção. É como se eles erguessem uma bandeira e dissessem: 'É por aqui', criando essa imagem de nos apontar o caminho.
Kawahara: Isso me deixa um pouco envergonhado... No meu caso, há muitas palavras inventadas em minhas obras, e frequentemente me perguntam sobre a entonação e a divisão das palavras naquele momento, então acho que isso também influencia.
Kayano: Na verdade, há muitas palavras difíceis de pronunciar em voz alta, não é?
Kawahara: Isso foi discutido na última conversa, não foi? 'É difícil pronunciar o nome Alice Synthesis Thirty.'
▲ Alice, interpretada por Ai Kayano, em SAO: Alicization.
Kayano: Palavras com muitos sons de 'sa' seguidos são difíceis de pronunciar. O diretor Iwanami Miwa-san, sempre me pede para repetir várias vezes (risos).
Kawahara: Ele sempre diz 'Isso é culpa do Kawahara-san', e toda vez eu digo 'Foi mal!'.
Kayano: É difícil, né? Gostaria de perguntar pra Nakatani se durante a escrita, você costuma falar em voz alta as falas das personagens ou os termos das obras¿
Nakatani: Basicamente, não costumo falar em voz alta, mas em relação ao nome da Touko, eu levei em consideração o som. Inicialmente, o sobrenome era Nanase, mas percebi que seria difícil de falar com muitos sons "sa" seguidos ao ser chamada de "Nanase-senpai", então mudei para o atual Nanami.
Kayano: Ta vendo Kawahara-sensei! A Nakatani-sensei realmente pensou nisso com cuidado! (risos)
Kawahara: Incrível... Eu nem tinha pensado nisso, então quando chegou a hora de produzir a adaptação, fiquei surpreso com o quão difícil era lidar com os sons "sa". Foi um sentimento de desculpas tardias.
Kayano: "Em 'SAO', além da Alice Synthesis Thirty que está em destaque agora, a Catedral Central também foi um desafio, não é?
Nakatani: Você diz que foi um desafio, mas a pronúncia é tão bonita, não é?[2]
Kawahara: Realmente, os seiyus me impressionam muito.
Kayano: Obrigada. Do ponto de vista de quem atua, as sílabas com "sa" e "ra" são desafiadoras, então continuo consciente ao interpretar até hoje.
――Nakatani-san, qual a sua opinião sobre o trabalho da Ai Kayano?
Nakatani: Em relação a Sayaka, desde o início ela a interpretou de forma perfeita, então não tive nada a dizer. Mesmo ao ouvi-la em eventos e programas de rádio, você percebe que a Kayano-san tem uma mente rápida, ou seja, ela tem uma habilidade incrível de extrair a solução ideal ao interpretar as falas preparadas.
Quando terminamos a dublagem do primeiro episódio, a interpretação da Sayaka foi tão natural que só consegui dizer: "Isso foi tão a Sayaka".
▲ Em Yagate Kimi ni Naru, Kayano-san interpreta Sayaka.
Kayano: Fico feliz por ouvir isso da Sensei. A propósito, quando você está desenhando, você tem alguma imagem em mente sobre como a voz seria?
Nakatani: Acho que não imagino tanto assim. Quando a voz é adicionada durante a dublagem, é como se eu pensasse "É isso aí". No entanto, ultimamente, tenho desenhado Sayaka com a voz da Kayano-san em mente.
――Quer dizer que seu traço mudou desde que o anime saiu?
Nakatani: Sempre tive em mente a desenhar o mais fofa possível, mas agora estou colocando ainda mais sentimento nisso. Se não consigo ouvir a voz da Kayano-san vindo desse rosto, sinto a pressão de não desenhá-lo de forma fofa...
Kayano: Fico muito feliz, mas por favor, não sinta essa pressão! (risos)
――Então o Kawahara-sensei é um grande fã de Yaga-Kimi? ――
――Agora, gostaria que o Kawahara-sensei falasse sobre o apelo de Yaga-kimi, e a Nakatani-sensei falasse sobre o apelo de SAO.
Kawahara: Tenho muito a falar sobre “Yaga-kimi”, então por que não falamos sobre “SAO” por cerca de três minutos?
Kayano: 3 minutos é pouco tempo pra falar disso. (Risos)
Kawahara: Enfim, vim aqui hoje porque queria falar sobre “Yaga-kimi”.
Nakatani: Estou feliz, mas tenho medo de levar uma bronca, então vamos fazer isso com moderação (risos).
――Então você gosta mesmo de Yaga-Kimi?
Kawahara: Bem, eu adoro a arte de Yaga-kimi. Ela tem uma forte habilidade em mangá, não é? O que exatamente é essa habilidade em mangá? Eu acredito que quando se aprofunda nisso, está relacionado ao estilo de desenho... Nakatani-san, você desenha digitalmente, certo?
Nakatani: Sim, tudo, desde o rascunho até o acabamento, é totalmente digital.
Kawahara: Embora Yaga-kimi seja digital, ele ainda tem uma sensação manual, e eu realmente gosto desse tipo de traço... gosto de pinturas que dão uma sensação de impulso e liberdade nas linhas principais.
Nakatani: Obrigada, mas estou ficando sem jeito...
Kayano-san: A expressão envergonhada da Nakatani-sensei é tão fofa, me dá uma sensação de uma expressão Hawawa[3] (risos).
Kawahara: Entre os grandes veteranos, temos Tanaka Kunihiko, e em relação aos artistas mais recentes, mencionaria Takashima Hiromi da série "Kase-san" e Sekiya Asami, autora de "Sen to Man". Eu realmente aprecio artistas que têm um estilo e sabor distintos em suas linhas de desenho, por isso gosto muito do traço de Yaga-Kimi. Eu também desenho um pouco, mas não consigo criar linhas nítidas como as da Nakatani-san de uma vez, então realmente a admiro.
Nakatani: Vou confessar, às vezes eu também faço sobreposições para que não seja perceptível.
Kayano: Para que não seja perceptível! Então, também faz isso, né?
Kawahara: Mesmo que seja assim, o incrível é não deixar o leitor perceber.
Nakatani: Como eu costumava desenhar à mão, estou sempre atenta para não parecer muito digital.
Kawahara: Se você for bom desenhando a mão, mesmo se fizer a transição para o digital, suas linhas permanecerão intactas.
Nakatani: Nunca imaginei que receberia tantos elogios sobre a minha arte...
Kawahara: Bem, estamos falando de mangá. Acho que é o ponto de partida. Além disso, eu adoro o destaque brilhante da Touko-senpai.
Kayano: Wow, isso é um termo técnico interessante! “Beta” é quando se pinta de preto, certo? Eu já interpretei muitos personagens que desenham mangá, então já ouvi muito sobre Beta e “Ton”, mas é a primeira vez que ouço o termo destaque brilhante.[4]
Kawahara: Dentro do Beta, é quando se sobrepõe linhas para criar tsuyabeta.
▲ Esta é uma imagem de referência do tsuyabeta de Touko-senpai.
Kayano: O tsuyabeta da Touko-senpai é um ponto chave para você, Kawahara-sensei, certo?
Kawahara: É um processo demorado e não há muitas pessoas hoje em dia que conseguem criar um acabamento brilhante tão bonito e de bom gosto.
Kayano: O Kawahara-sensei diz isso, mas isso é algo que a Nakatani-sensei é específica?
Nakatani: É verdade que Touko foi intencionalmente pintada com cabelos brilhantes para distingui-la de outros personagens de cabelos pretos.
Kawahara: Nakatani-sensei, você tem um assistente trabalhando na sua redação?
Nakatani: Quase nunca. Às vezes, recebo ajuda para finalizar com tons e coisas do tipo.
Kawahara: Huh!! É sério!? Até os cenários?
Nakatani: Sim (risos). Eu faço tudo sozinha.
Kawahara: Fiquei realmente surpreso. É impossível... é incrível.
Kayano: Aliás, ta tudo bem essa conversa girar só em torno de traço?
Kawahara: (Com firmeza) Fiquem tranquilos! Vamos entrar no assunto do conteúdo agora. Eu acredito que no mundo dos mangás de yuri, há diferentes categorias ou limites, por assim dizer. Se considerarmos a categoria mais restrita como sendo os mangás de 4 painéis do estilo cotidiano, a categoria mais ampla seria aquela que aborda como é social e familiarmente aceito o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.
Nakatani: Sim, até onde cada obra vai é diferente, não é?
Kawahara: Eu gosto de todos os tipos de enredos, mas sinto que Yaga-Kimi tem uma abordagem bastante ampla, mesmo entre os mangás yuri que leio. Com a presença de personagens masculinos na história, vocês não acham? Existe uma razão específica para os personagens masculinos aparecerem com frequência em Yaga-Kimi?
Kayano: Ah, também estou curiosa sobre essa razão.
Nakatani: Mesmo quando se trata de garotas se apaixonando por outras garotas, acredito que há várias maneiras de abordar isso. Existem personagens que se apaixonam por acaso por outra garota e também personagens que nunca considerariam ninguém além de uma garota como interesse romântico desde o início.
Quando pensei em representar essas diferenças, achei que ter personagens masculinos próximos poderia destacar melhor essas distinções, então decidi ambientar a história em um ambiente misto.
Kawahara: Entendo. Em Yaga-Kimi, a Sayaka está consciente do fato de que as meninas são seus interesses amorosos.
Nakatani: Além disso, Miyako, a gerente da cafeteria, está claramente mostrando que se sente atraida por mulheres.
Kawahara: Tenho a impressão de que Yu e Touko-senpai são do tipo que simplesmente se apaixonam por alguém que, por acaso, é uma mulher.
Nakatani: Ambas não parecem se preocupar com quem preferem, homens ou mulheres. Parece que nem mesmo elas têm uma resposta definitiva sobre isso.
Ayano: Falando sobre o anime, acho que eles foram muito cuidadosos ao reproduzir fielmente a obra original, incluindo esses aspectos.
Kawahara: Foi realmente meticuloso. Fiquei surpreso com o quão fiel o design dos personagens foi com à obra original. O estilo de desenho dos olhos da Nakatani-san, com a forma mais alongada, é muito marcante, e atualmente não há muitos artistas que desenham os olhos dessa forma, então acredito que tenha sido um desafio para a equipe de produção do anime.
Nakatani: Realmente, pode dar uma sensação nostálgica. Quando conversei com Hironori Houta, o designer de personagens, ele me pediu para “desenhe um pouco aqui” e até mostrei a sequência de desenho dos olhos.
Ayano: Ah, então foi isso!
Kawahara: Isso é meio raro, né?
Kayano: Essa não é a minha área, mas acho que seja algo frequente.
Kawahara: Gosto de tudo no anime Yaga-Kimi, desde o design fiel dos personagens até a direção e o uso das cores.
――Agora é hora de falar sobre SAO da perspectiva de Nakatani-sensei...
Kawahara: Por favor, espere só um pouco mais! Posso falar sobre a trilha sonora do anime também? Eu também adoro a trilha sonora, mas gostaria de saber como foi feito o pedido para ela.
Nakatani: A trilha sonora foi liderada principalmente pelo produtor de música. A equipe de música se moveu com base na ideia de que o diretor queria algo centrado no piano e Michiru Oshima criou músicas em resposta aos pedidos do diretor por certos tipos de faixas.
Kawahara: Adoro o equilíbrio entre a trilha sonora que é marcante até o último momento, mesmo sendo uma trilha sonora.
Ayano: Gostaria de transmitir isso também ao Makoto Kato, diretor do anime, que Kawahara-sensei disse isso.
Nakatani: De fato.
Kawahara: Acho que é um equilíbrio milagroso que se mantém ao longo de tudo. Se um elemento estiver em excesso, acho que pode desequilibrar tudo.
Ayano: Sim.
――Conversa sobre heroínas em Yaga-Kimi e SAO.――
――Então, novamente, conte-nos sobre SAO do seu ponto de vista, Nakatani-sensei.
Nakatani: Em relação a SAO, acho que depois de assistir ao primeiro anime, senti vontade de ler a obra original. Sempre fui fã de jogos, cresci com “Final Fantasy” e “Dragon Quest”, e também gosto do tema de realidade virtual, influenciado por “Ghost in the Shell”. Foi uma obra que realmente me agradou. Gosto de como não se inclina demais para a realidade ou para a realidade virtual, mas sim como ambas estão interligadas.
Kawahara: Obrigado por isso. Mas agora, olhando para trás, sinto que talvez tenha cometido alguns erros.
Nakatani/Ayano: QUE!?
Kawahara: Se eu fosse escrever agora, acho que teria feito uma história em que os personagens fossem para um isekai de fantasia com uma vibe de jogo e nunca mais voltassem.
Nakatani: Mas para mim, o fato de retornar era o principal objetivo, e foi aí que eu pensei: “Ah, eu gosto dessa história”.
Kawahara: Sim. Acho que esse objetivo não mudaria. Mas talvez teria sido bom se a história terminasse assim que eles voltassem. Afinal, é bem difícil escrever sobre o mundo real... (risos). Esses pensamentos foram refletidos em 'Sword Art Online: Progressive'.
▲ A série de romances SAO: Progressive reconstrói as batalhas de Kirito e seus amigos no Castelo Flutuante Aincrad. Até o momento, foram publicados seis volumes.
Nakatani: Kawahara-san diz isso, mas, do ponto de vista dos leitores, a visão de mundo incluindo a realidade é realmente maravilhosa. O Medicuboid do arco Mother's Rosario pode parecer algo que poderia surgir no mundo real em que vivemos, e a realidade aumentada (AR) também está se tornando popular recentemente. Em SAO, também são abordadas questões sobre os direitos das IA, o que me atraiu muito.
Kawahara: Em relação aos direitos das IA, é um caminho que Ghost in the Shell percorreu quase 30 anos atrás (risos).
Nakatani: Fazer isso nesta época é realmente ótimo. Além disso, é maravilhoso ver as heroínas femininas sendo fortes.
Kayano: Com certeza, as meninas também têm um papel muito ativo em SAO, não é mesmo?
Kawahara: Acredito que no futuro de SAO, as meninas terão um papel ainda mais proeminente.
Nakatani: Sério?
Kayano: Kawahara-sensei, há alguma razão específica pela qual decidiu fazer isso?
Kawahara: É porque comecei a perceber a importância do feedback dos eventos e das reações dos fãs no exterior, e passei a acreditar que é necessário ter um certo nível de consciência sobre a correção política.
Na verdade, no exterior, os termos “protagonista” e “antagonista” são mais comuns do que "herói" e "heroína", e não há distinção de gênero. Concordo que é importante evitar tratar a heroína como um mero troféu. Tenho me esforçado para escrever histórias onde as meninas desempenham papéis proeminentes.
Quando abordo esse assunto, sei que algumas pessoas podem se perguntar sobre o papel do Kirito. Quero esclarecer que isso não significa que o Kirito será deixado de lado. Também quero destacar como essas meninas lutam para tomar as rédeas de suas próprias vidas.
Nakatani: As heroínas de SAO estão todas lutando e têm uma imagem de independência, então eu pensava que estavam sendo conscientemente evitadas de serem tratadas como meros troféus, exceto quando se encontram aprisionadas.
Kawahara: Bem... no início, eu não tinha essa consciência, e acabei inconscientemente adicionando cada vez mais heroínas.
Kayano: Inconscientemente...(Risos)
Kawahara: Geralmente, em obras de yuri, é comum ter estruturas onde ambas as garotas do casal são protagonistas, e talvez seja por isso que eu gosto de mangás yuri. Em Yaga-Kimi, inicialmente a Touko-senpai era a heroína, mas depois a Yuu assume o papel de quem a persegue, não é mesmo?
Nakatani: A troca de papéis entre protagonista e heroína é algo que ocorre com frequência, e talvez seja algo único entre mulheres.
――Quando desenha a heroína, a Nakatani-san tem algo em mente?
Nakatani: Eu penso que a heroína é a pessoa que se torna o 'motivo do protagonista'. Ela é o motivo, o propósito, e o centro da história que a faz se desenrolar. Assim como Yuu, o protagonista, age para mudar a Touko, a heroína, e a história avança, acho que a heroína é a razão pela qual o protagonista avança para a frente.
A razão pela qual comecei a pensar assim foi por causa do “Hoshin Engi” de Ryuu Fujisaki. Quando terminei de ler e pensei em quem seria a heroína, achei que seria Daji.
――Em termos de “a pessoa que motiva o personagem principal”, Daji certamente o faz.
Entendo. Parece que a personagem Daji, apesar de não ser um interesse amoroso, desempenha um papel crucial na história como uma personagem que o protagonista deve superar. Essa mudança na percepção do que constitui uma heroína pode levar a uma redefinição dos objetivos a serem alcançados na narrativa, refletindo-se no desenvolvimento da obra.
――Depois de ouvir o que vocês dois disseram, o que você acha, Kayano-san? Há alguma coisa de que você tem consciência ao interpretar a heroína?
Kayano: Na verdade, não costumo me conscientizar tanto por ser uma heroína. Seja como protagonista ou antagonista, sinto que devo me aproximar do papel que me foi dado mais do que ninguém. Portanto, não tenho uma consciência específica de como devo interpretar uma heroína só por ser uma.
Kawahara: Ao ouvir essas palavras, sinto que a alta taxa de sincronia de Kayano-san com seus personagens faz todo sentido.
Kayano: A contribuição dos membros da equipe e da própria obra é crucial para mim. Sinto que estou fluindo bem com a correnteza e, como resultado, consigo me encaixar onde preciso.
Kawahara: Houve algum papel desafiador para você até agora?
Kayano: Alice é definitivamente desafiadora. Sua situação é algo que eu nunca viverei. Como não consigo imaginar seus sentimentos, quanto mais distante estiver da minha realidade, mais difícil é interpretá-la. Bem, em relação à Sayaka, pode ter sido mais desafiador interpretá-la.
――O que você quer dizer com pode ter de sido mais difícil?
Kayano: Há um conto paralelo chamado “Saeki Sayaka ni tsuite” que aprofunda bastante o passado da Sayaka, e depois que o li, acabei me envolvendo emocionalmente demais... Se eu tivesse lido essa obra enquanto estava gravando as falas, tenho certeza de que não teria conseguido interpretar com calma.
Neste conto, aprofundam-se os aspectos internos da personagem que não são revelados no mangá original, e a história é muito intensa. Recebi o livro de Nakatani-sensei após as gravações, e fiquei realmente grata por tê-lo lido após isso.
▲ O romance spin-off de Inio Asano-sensei, Saeki Sayaka ni tsuite, retrata o amor de Saeki Sayaka, uma garota oscilando com sentimentos incontroláveis.
Kawahara: É uma obra em que você já sabe que o final será um desfecho ruim antes mesmo de começar a ler... Na verdade, quando ouvi que seria escrito por Inio Asano-sensei, cheguei a pensar que não seria surpresa se uns dois personagens acabassem morrendo. Ah, falando da Sayaka, gostaria de falar sobre o episódio publicado na edição de fevereiro de 2019 da revista "Dengeki Daioh".[5]
――Eu tenho uma versão impressa dele, então por favor dê uma olhada se quiser.
Nakatani: ...Fico nervosa quando meu trabalho é lido na minha frente durante uma conversa.
Kawahara: (Virando as páginas) Há uma interação entre Touko e Sayaka nesta história, mas eu esperava que houvesse um confronto entre Yuu e Sayaka antes dessa interação.
Nakatani: Não pensei nisso porque se fizermos isso, a história ficaria muito complicada e sombria, então não achei necessário torná-la tão pesada.
Kawahara: Realmente, é verdade. Eu achava que levaria mais dois anos até chegarmos a esse ponto na trama. Quando fui informado de que já estávamos na última parte, fiquei tipo "Oh não" (risos).
Kayano: Oh não (risos).
Nakatani: Estou consciente da estrutura de introdução, desenvolvimento, clímax e conclusão desde o início, e já estamos na parte de conclusão.
Kawahara: Por favor, façam isso no anime. Na segunda temporada...!
Nakatani: Por favor, continuem (risos). Eu também adoraria ver essa história no anime. Especialmente o monólogo da Sayaka neste episódio, o qual eu desenhei com muita determinação, então adoraria ouvir a interpretação da Kayano-san.
Kayano: Quando você diz isso, também estou ficando animada. Eu adoraria fazer isso na segunda temporada.
Nakatani: Com isso dito, por favor, continuem apoiando tanto o anime quanto o mangá no futuro. Muito obrigada.
――Você mencionou isso um pouco antes, mas por favor deixe uma mensagem aos fãs de Yaga-Kimi e SAO no final.
Kawahara: Fico feliz por ter tido a oportunidade de falar sobre Yaga-Kimi até agora. Embora o anime tenha chegado ao seu fim, a história original ainda continua, então por favor, todos, peguem e leiam.
Nakatani: Por que você está fazendo tanta propaganda assim? (risos)
Kawahara: Não, na verdade, vim hoje com o propósito de pregar Yaga-Kimi aos fãs de SAO.
Nakatani: Então, de minha parte, vou pregar SAO aos fãs de Yaga-Kimi (risos). Estou realmente ansiosa para assistir tanto o anime quanto ler a obra original como uma fã. Embora SAO e Yaga-Kimi estejam em gêneros diferentes, acredito que aqueles que compartilham de gostos semelhantes a mim também poderão gostar de SAO. Por favor, dê uma olhada tanto na série de Light Novels quanto no anime.
Kayano: Quando ouvi sobre esse projeto pela primeira vez, fiquei curiosa para ver como seria, mas à medida que conversamos, as palavras fluíram naturalmente, e percebi como é divertido quando os criadores de obras diferentes se encontram.
Reflitindo sobre isso, fiquei feliz por poder estar envolvida com Yaga-Kimi e SAO novamente, e me senti realmente feliz. Espero sinceramente que possamos ter mais projetos como esse no futuro. Por favor, continuem apoiando ambos os trabalhos!
¹ Aqui, obviamente, tivemos o uso de "Senpai" só que não ficou exatamente claro a que a Ai Kayano se refere mais pra frente vai ter um trecho que indica que os veteranos seriam os diretores de dublagem.
⁴ Foi meio difícil entender tanto termo técnico assim só na base do contexto, então segue aí como foram escritos no original: ベタ(Betta), トーン (Ton) ツヤベタ (tsuyabeta). Creio que, dentro do contexto, está suficientemente bem explicado todo o sentido de "Diversas técnicas de uso de preto e branco em mangá."
⁵ Referência ao capítulo 37 do mangá de Yaga-Kimi. Detalhe, não entendi direito essa parte, mas esse capítulo foi publicado na verdade em dezembro de 2018. É por isso que nessa entrevista eles estão falando de algo de fevereiro do ano seguinte.
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